Monday, October 22, 2007

Celular em sala de aula, permitir ou não permitir?

Celular em sala de aula, permitir ou não permitir?

Acho que a pergunta já tem resposta formada, não é mesmo?

Fica complicado enquanto professor, quando toca o celular no meio da aula e escutamos aquele alo!!! Qual professor que ainda não passou por isso. Mesmo que seja baixo. A situação complica muito mais quando falamos em crianças e adolescentes. Hoje, mais do que nunca não se trata de recurso específico para adultos, mas sim para todas as idades... até mesmo bebê já tem celular de brinquedo. Então se prestarmos atenção as crianças crescem com o sentimento de uso normal daquele objeto. Tenho que concordar temos que nos adaptar, mas é preciso orientar que existem limites para tudo e no caso do celular nem toda hora é hora de usar!
Imagine essa criança que lê pela aprendizagem da vida que é normal atender o celular a qualquer hora e em qualquer lugar, quando passar sua adolescência e estiver concorrendo para uma vaga de trabalho. Será normal deixar seu celular ligado e atender no meio a uma entrevista? Desculpem, mas pra mim.... essa seria um situação muito complicada.
Portanto, não é só a escola que deve mostrar essas questões, mas os pais também. Afinal quem não quer o melhor para seus filhos. Então, não é uma questão de ser um pai ou uma mãe chato(a), mas sim de orientar e pensar na formação e consciência de seus filhos.
Para a escola, além do caráter educacional e orientador existe também o aspecto legal. A convergência digital trouxe muitos benefícios, mas riscos também. É só pensar no celular que hoje, se tornou também uma câmera. Tente fazer uma busca no YouTube de vídeos em sala de aula. Se tivéssemos oportunidade de conversar gostaria de saber o que achou!!!
A quantidade é assustadora, agora imagine que muitos desses vídeos mostram situações desagradáveis ou por exemplo, meninos que filmam a coleguinha de saia levantada ou ainda de blusa aberta.... dentro da sala de aula.
Aí algumas pessoas me perguntam “mas isso pode acarretar responsabilidade para a escola?” E sou obrigada a lhe responder a verdade: “SIM”, tudo que acontece nas dependências da escola é de sua responsabilidade.
Dia 11 último, foi aprovada pelo governador de SP José Serra a Lei que proíbe celular em sala de aula e deve ser regulamentada em 90 dias. A princípio a Lei faz referencia apenas às escolas do Estado, portanto para as escolas particulares e municipais será necessário aguardar a regulamentação. Alguns entendem que pode abranger a todos. Mas independente de Lei, principalmente pelos motivos que expus acima,.... e pela dor de cabeça que o celular vem causando para o professor e para a escola em geral, a saída é colocar como regulamentação interna da escola. No contrato de matrícula, também é uma boa opção deixar claro que não será permitido o uso de celular em sala de aula.

Informações adicionais:

- Projeto de Lei de autoria do deputado Orlando Morando (PSDB).
- Aprovado no dia 28 de agosto pela Assembléia Legislativa.

Links sobre a notícia:

- http://oglobo.globo.com/sp/mat/2007/10/14/298149966.asp
- http://www.metodista.br/rronline/cidades/lei-estadual-proibe-uso-de-celular-em-sala-de-aula/view

Saturday, October 06, 2007

Riscos e dificuldades da Internet na sala de aula

Fala-se muito das contribuições positivas do uso da tecnologia digital em sala de aula. Os professores que já experimentaram, no entanto, percebem logo que há muitas questões a serem resolvidas para tornar a tecnologia uma aliada realmente eficaz na Educação. Há muito o que aprender, e muito o que discutir.

Você tem idéia de quais são os riscos envolvidos no uso da Internet? Sem medidas de prevenção e conscientização, professores e alunos estão expostos a situações inusitadas.
Recentemente, nos Estados Unidos, uma professora quase foi condenada a 40 anos de prisão por exibir fotos pornográficas durante uma aula! Na verdade, parece que foi algum fato à revelia da professora que fez com que os computadores dos alunos exibissem conteúdo pornográfico.
Em uma escola de Ensino Médio um aluno contou ao seu professor que criou uma comunidade no Orkut com publicações que comprometem a imagem de seus colegas e de outros professores. O professor não soube o que dizer.
Como garantir que os conteúdos acessados na escola são adequados? Como evitar que os alunos publiquem material proibido ou prejudicial? Como impedir invasores nos computadores dos alunos? Como controlar o que o aluno vê?
Devemos simplesmente proibir o acesso a determinados conteúdos e atividades ou será mais eficiente mostrar que alguns sites não são confiáveis, que é preciso ver com olhos críticos o conteúdo publicado na Rede, que o que publicamos na Internet pode acarretar riscos e conseqüências legais para a escola e até mesmo para os pais dos alunos?
Todas essas perguntas têm respostas, mas não há soluções prontas. Cada escola, cada professor, cada grupo precisa encontrar a saída mais adequada para sua realidade. Todo cuidado é preciso, desde cobrar da instituição recursos de prevenção como antivírus, firewalls e monitoramento de acessos até a conscientização de como deve se comportar o usuário da Internet.
Conhecer a Rede e saber usar
A lousa e o giz certamente podem ser um excelente recurso se o professor souber explorar suas possibilidades. Mas não há dúvida de que a Internet, com todo o seu potencial de recursos, pode trazer muito mais benefícios à aprendizagem. No entanto, não há milagre: aqui, novamente é preciso saber usar.
A Internet permite a pesquisa, o conhecimento de outras opiniões e o contato com o mundo externo à escola e à comunidade. Além disso, traz a possibilidade de interatividade. Porém, para tirar proveito de todos os seus recursos, é necessário que o professor lance mão, antes de tudo, de sua criatividade, e que esteja disposto a conhecer essa tecnologia. É preciso também que o professor conheça as habilidades dos alunos na Rede e quais são seus interesses.
Comece por uma conversa informal para conhecer quais são os interesses dos alunos e o que os atrai para tal. Você já pensou em fazer uma pesquisa em sala de aula para saber o que os alunos andam fazendo na Internet? Veja algumas perguntas que podem ajudar:
Quanto tempo você fica on-line?
Você usa MSN?
Você conhece todos que fazem parte da sua lista de amigos do MSN?
Você faz parte do Orkut? De que tipo de comunidade você participa no Orkut?
Você utiliza a internet para pesquisa?
Como você costuma fazer pesquisa na Internet?
Você joga na Internet? Qual tipo de jogo você gosta?
Qual o sistema que você utiliza para pesquisa na Internet?
Você procura saber se a informação do site acessado é confiável?
Com essas informações você tem um bom material para ajudá-lo a orientar seus alunos no bom uso da Internet, podendo planejar assuntos a serem abordados com maior relevância na sua aula. Um debate sobre essas questões pode ser de grande utilidade!
Ensinar o aluno a usar a internet
Para que a Internet seja bem aproveitada, ela deve fazer parte de uma ação continuada. Não basta falar sobre isso apenas uma vez. Procure oportunidades, mostre casos práticos, notícias e relembre o assunto sempre que possível. Proponha atividades que envolvam pesquisa ou interatividade, ainda que seja apenas a troca de mensagens entre os alunos. Uma boa forma de preparar seus alunos é trabalhar questões práticas que envolvem suas atividades cotidianas na Internet.
Usando sempre a Internet, você vai ajudar seus alunos a aprenderem a usar a Rede com segurança e confiabilidade. Por exemplo, se um professor de Geografia pede uma atividade que envolva pesquisa na Internet, ele pode abordar a questão de quais os indicativos que levam a acreditar que tal site é íntegro e se suas informações são confiáveis.
A interatividade também precisa ser praticada para deixar de ser um bicho-de-sete-cabeças. Ela traz riscos e dificuldades que devem ser trabalhados em sala de aula a fim de construir e desenvolver nos educandos as competências necessárias para que possam tomar decisões por si próprios e saber agir diante desses riscos, ou até mesmo após um incidente.
* Advogada e pedagoga, associada à Patrícia Peck Pinheiro Advogados. Mestranda na Escola Politécnica da USP. Membro da Comissão de Desenvolvimento Acadêmico da OAB/SP. Diretora Executiva da APEJ – Associação dos Professores do Ensino Jurídico do Estado de São Paulo.

Texto original: Cristina Moraes Sleiman

Edição: Equipe EducaRede

Públicado no site EducaRede em 23/08/2007